quinta-feira, 17 de julho de 2014

O país onde (quase) todo mundo confia em (quase) todo mundo

Conforme escrevi na postagem anterior, estávamos procurando um carro para comprar e ontem nos decidimos e concretizamos a compra. No final de semana passado fizemos um test drive e no começo da semana testamos outro carro parecido, só que de outra marca. Depois de muita pesquisa, optamos pelo carro que testamos no final de semana. Como queremos que o carro venha com acessórios extras, não pudemos sair da concessionária com nosso carro ontem mesmo, pois eles precisavam de tempo para instalar tudo que pedimos. Mas, isso não nos impediu de sair de lá com um carro emprestado por eles. Eu nunca comprei carro no Brasil, então não sei se as concessionárias fazem isso lá também, mas eu fiquei impressionada com a confiança que as pessoas têm umas nas outras. Não foi preciso deixar documento de identidade na concessionária como garantia de que não desapareceríamos com o carro emprestado, nada de pagamento, só confiança. Nas lojas podemos nos arrepender de algo que compramos e devolver, com a condição de que o produto possa ser colocado à venda novamente. E, se não quisermos trocar por nada da loja, não há problema - eles devolvem o dinheiro, sem resmungar.

Muitas lojas e supermercados grandes implantaram o sistema de caixa self-service. Nós mesmos escaneamos os produtos e efetuamos o pagamento sem a supervisão de um funcionário da loja. Sempre há um funcionário por perto, mas ele não está lá para fiscalizar se estamos tentando roubar produtos, mas para nos ajudar se tivermos algum problema durante o pagamento. Este sistema é extremamente eficaz por que reduz as filas entendiantes para pagar.

Como escrevi antes, os ônibus daqui não têm cobrador. Mas, nem por isso é obrigatório passar pela fiscalização do motorista para pagar. Eles abrem a porta traseira do ônibus para quem quiser embarcar, e lá há um leitor de cartão. Os que não têm cartão têm que, claro, passar pelo motorista.

Nos postos de gasolina, nós mesmos operamos as bombas e abastecemos o veículo. Podemos pagar com cartão nas máquinas automáticas ou ir até o quiosque e pagar a um funcionário. Claro que eles têm uma câmera que filma quem eventualmente abastecer e sair sem pagar, mas o fato de esse sistema ainda perdurar significa que a incidência de pessoas que agem de má fé é mínima.

Há quem diga que os noruegueses de um modo geral são facilmente enganados por confiarem tanto nas pessoas. Há até um termo, dumsnill (bonzinho bobo). Mas, há também quem diga que é exatamente esta atitude de confiar nos outros em vez de desconfiar dos outros até que se prove o contrário é que faz com que a sociedade aqui seja tão avançada e justa. Vou postar mais exemplos à medida que for me lembrando.

2 comentários:

  1. Oi Raquel. Eu morava na Suécia e achava que aqui na Noruega encontraria o mesmo sistema de transporte público. Mas na Suécia existe catraca para trem (pendeltåg) e metrô. O TRAM (tipo trykk daqui) não tem catraca, mas tem fiscal em todos os embarques. E ônibus na Suécia, se entra apenas pela porta da frente. É preciso mostrar o ticket para o cobrador. Enfim, são países vizinhos e semelhantes, mas no quesito transporte público, já notei essa diferença. Abs.

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  2. Oi, Raquel! Achei seu blog através do blog da Marcela e achei muito legal. Ando meio obcecada com a Noruega (não sei o motivo, mas quero muito conhecer esse país) e por isso me interessei em conhecer o seu blog.

    Sobre confiar nas pessoas, aqui na Irlanda (moro em Dublin) também vejo que rola essa confiança de você mesmo passar sua compra no supermercado, você mesmo abastece, você mesmo passa o cartão no ônibus sem ter cobrador... apesar de que aqui eu vejo gente tentando burlar algumas regras. Não sei se na Noruega é assim...

    Beijos, até!

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