Já faz tempo que eu escrevi a última vez. Desde que tirei a carta de motorista, tenho trabalhado muito. Recebi uma proposta de substituir uma faxineira que está de licença médica e desde semana retrasada estou limpando a agência dos correios e um banco aqui mesmo na ilha onde eu moro. Então minha rotina se resume a dirigir para a ilha vizinha, cerca de 35 minutos daqui onde eu moro por volta das 6:30 da manhã, fazer a limpeza lá, voltar, ir até os correios e duas vezes por semana tenho que limpar um escritório e o banco. Semana passada tive que faltar no curso de norueguês grátis, por que estava muito atarefada. Pensei que a outra faxineira iria voltar ao trabalho esta semana, mas não. A licença dela foi prorrogada até o dia 6! Ontem eu não quis faltar de novo. Dirigi para Hitra às 5:30, e consegui limpar três lugares antes das 10:30, quando começou a aula. Apesar de ser cansativo só fazer limpeza atrás de limpeza, estas horinhas extras vão engordar meu salário agora pro Natal, quando pretendo mandar um pacote de 10 quilos com presentes para minha família no Brasil e também comprar os presentes para a família norueguesa.
Há duas semanas recebemos a visita dos meus sogros, que trouxeram atrás do carro um trailer lotado de coisas. A escrivaninha e a mesa de jantar que eles tinham antes de comprar as novas e a bicicleta que eu ganhei do avô do Morten. Também veio uma cama que compramos para nosso novo quarto e o presente de Natal e de aniversário adiantado meu e dele: uma máquina de lavar louça! Estou fascinada por esta máquina, que aqui é tão normal quanto fogão e geladeira. É quase surreal pensar que depois das refeições não preciso mais lavar aquela pilha de louça. É só passar uma água e enfiar tudo na máquina! Tem algumas coisas que não podem ser lavadas na máquina, mas mesmo assim o trabalho ficou bem mais leve. Meu sogro tirou muitas fotos e assim que ele me mandar, eu posto aqui.
Na escola noturna, o colegial norueguês, vai indo tudo bem. Escrevi um artigo sobre o ensino de inglês, mas ainda não recebi a nota. Segunda-feira tivemos um simulado de prova, onde escrevemos um texto sobre um dos temas propostos. Eu escolhi o tema "Hva er du opptatt av akkurat nå?" (Com o que você está ocupada no momento?). Escrevi sobre os desafios que venho enfrentando para me incluir na sociedade norueguesa. Falei de trabalho, idioma, estudo e racismo. Meu marido leu o rascunho e disse que vou tirar mais que 3, a média. Mas, sabe como é marido, suspeito para falar, hehe.
Esta semana será mais curta por que sexta-feira de manhã, assim que acabar de limpar o shopping, vamos para Trondheim e Klæbu. À noite vamos jantar na casa dos meus cunhados, que recentemente se mudaram para seu próprio apartamento e sábado vamos num café de noite para encontrar nossos amigos e também padrinhos de casamento. Vai ser muito bom mudar de ares depois de semanas só fazendo limpeza e estudando.
O que me ajuda muito a encarar esta rotina pesada de trabalho é o espírito natalino, que já se instalou aqui na Noruega. Está nevando direto, as montanhas estão branquinhas, tudo remete a Natal. O dia está escurecendo às 4 horas da tarde e clareando por volta das 9 horas da manhã, mas tudo bem. O Natal norueguês é no inverno e na escuridão mesmo. Engraçado que depois de um ano tudo fica normal. a gente aceita que é assim que deve ser.
Hoje eu vi um documentário de um militar que, ao participar de uma missão de paz no Líbano, se apaixonou por uma libanesa muçulmana e se converteu ao islamismo para se casar com ela. Hoje ele é delegado de uma cidadezinha norueguesa e todos aceitam muito bem a religião dele. Ontem vi um debate sobre a intenção de um ministro norueguês de expulsar todos os imigrantes ilegais da Noruega. Falaram sobre anistiar todos, ou seja, perdoar a ilegalidade e deixá-los morando aqui. As opiniões foram bem divididas e a minha também. Falando nisso, li no jornal outro dia uma mensagem de um norueguês pedindo aos imigrantes para não se comportarem como se fossem donos do mundo e para que eles entendessem que eles moram em outro país, e devem se adequar ao estilo de vida dele. Depois de um epísódio que vivenciei no trem entre Trondheim e Oslo eu entendo perfeitamente do que este norueguês está falando. Não são todos, mas realmente tem alguns que se recusam a viver em sociedade.
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