sábado, 16 de junho de 2012

Sentindo o preconceito quase na própria pele

O apartamento em que morávamos antes era alugado. Nosso contrato venceria em agosto e, como saímos de lá dia 10 de junho, estávamos procurando um novo inquilino que pudesse assumir o apartamento antes de agosto para que nós então deixássemos se pagar aluguel entre 11 de junho e 10 de agosto, quando o nosso contrato vence. O Morten anunciou na internet, no jornal, fez cartazes e espalhou por supermercados de redondeza e marcamos um dia para que os interessados pudessem vir ver o apartamento. Recebemos pouquissimas respostas ao anúncio e já estávamos achando que ninguém viria até recebermos a ligação de uma moça. Ela quase nem olhou o apartamento e disse que estava muito interessada em alugar. Ela disse que era da Tailândia e que morava com o namorado, também da Tailãndia. Eles trabalham como cozinheiros no restaurante de um hotel bem conceituado e tinham ótimas referências. Eu e o Morten ficamos muito felizes com o fato de termos arrumado um novo inquilino. A imobiliária teria que aprovar os novos inquilinos, mas pensamos que isso não seria um problema por causa das boas referências que o casal tinha.

Porém, quando o Morten comunicou a imobiliária sobre o casal, veio a surpresa. A funcionária da imobiliária disse que o casal não fora aprovado por que trabalhavam no ramo de restaurantes. Sem aceitar essa jusitificativa ridícula, o Morten perguntou mais e mais, até a mulher admitir, sem culpa nenhuma, que eles não alugavam apartamentos para imigrantes, por que eles haviam tido más experiências no passado. Preconceito explícito! Furioso, o Morten lembrou a senhora que nós somos inquilinos metade imigrantes (eu sou brasileira!), mas a senhora tratou de ressaltar que nossa situação era diferente (se tem um norueguês na parada tudo bem, não é?). O Morten disse então que iria anunciar o apartamento novamente e escrever que a imobiliária não queria inquilinos que trabalhassem em restaurante, que fossem imigrantes e que tivessem filhos (ela veio com essa também). Mas ela logo falou para ele não fazer isso, por que é ilegal. Ficamos chocados e cogitamos até a possibilidade de denunciar o episódio na polícia ou mandar a história para a imprensa.

Eis que alguns dias depois, a senhora liga novamente e diz que havia checado as referências e que elas eram tão boas que ela iria convocar o casal tailandês para uma reunião. Depois da reunião recebemos a notícia que a imobiliária havia aceitado os novos inquilinos. Ela deve ter ficado com medo de alguma repercussão negativa, ou então pensou melhor e percebeu o quão racista ela estava sendo. Felizmente essa situação se resolveu, mas quantos imigrantes passam por essa situação todo dia sem que ninguém faça nada? Em um país onde um maluco atirou em pessoas que defendiam o multiculturalismo, não é difícil entender por que ele fez isso, com tantas pessoas por aí que pensam como ele...

4 comentários:

  1. Nossa, fiquei chocada...que coisa feia né? Ainda bem que eles no fim conseguiram alugar, mas se eu fosse um deles e soubesse do que havia acontecido eu nem insistiria, simplesmente tentaria alugar com outra imobiliária. Muito triste isso.

    beijos!

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  2. Oi, Marcela!
    A moça disse pra gente que havia visto vááários apartamentos e não havia conseguido alugar nenhum! Ela estava conformada com a situação e ficou muito feliz quando soube que havia alugado o apartamento em que a gente morava. É muito triste mesmo! Beijos!

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  3. Nossa que chato!!! Mas infelizmente o preconceito existe sim. Lamentavel... Bom domingo! :)

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  4. Nossa Raquel,num país tão desenvolvido e democratico como aí acontecendo isso? Mas ainda bem que foi resolvido sem precisar de recursos + drásticos como um escândalo.
    Fico feliz por vcs terem conseguido um novo local também.
    Bjos.

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