sábado, 6 de março de 2010

As voltas que o mundo dá

Vou começar por agradecer a todas as felicitações pelo meu aniversário de casamento. Nós não tínhamos pensado em comemorar na terça-feira, por que foi dia de semana e tal, mas no final resolvemos ir jantar fora. Andamos um pouco pelo centro para ler os cardápios (que ficam afixados na entrada do restaurante - não lembro mais se tem isso em São Paulo) e ver o nível de preço, pois queríamos algo bem modesto. Até que resolvemos jantar num restaurante indiano que fica na nossa rua. Adoramos a comida e o lugar, simples, mas que nos fez sentir na Índia, ou pelo menos fora de Trondheim enquanto estávamos lá. No final de semana planejamos passar um dia de namorados, com passeios, cinema e talvez mais um jantarzinho.

A febre das Olimpíadas de inverno passou e a Noruega conseguiu um excelente resultado. O time de curling levou a medalha de prata e os esquiadores noruegueses provaram que são os melhores do mundo, levando muitas medalhas. Para falar a verdade, já estava enjoando de ver só Olimpíadas na TV o dia todo. O evento coincidiu com meu período de férias e a viagem longa do meu marido, então não tive outra opção a não ser ver mais TV do que de costume.

Quinta-feira fui para Frøya depois da folga e já na chegada à escola, o diretor me convidou para participar de uma reunião bem cedo no dia seguinte. Era uma reunião para apresentar o novo conselheiro do prefeito, tipo um braço direito dele, que ajuda nas decisões. Ele explicou que queriam convidar estrangeiros que vivem ou trabalham em Frøya para representarmos o imenso número de imigrantes que contribuem muito para o crescimento econômico do município.
Como a reunião era no hotel e eu iria dormir lá mesmo, aceitei.

Na quinta também, mas depois das aulas, uma professora que trabalha comigo e é amiga da minha cunhada me levou para ver seu apartamento. Ele tem dois quartos vagos e eu disse que estava muito interessada em alugar um deles. Adorei o quarto, pequeno, mas com um belo de um guarda-roupas e uma janela grande. Combinamos o preço e ficou tudo acertado, já poderei me instalar semana que vem. Isso me livra de um problemão, pois estava deixando quase 800 coroas do meu rico dinheirnho no hotel toda semana, agora vou pagar 1200 coroas por um mês inteirinho de aluguel, com internet e tudo mais que eu preciso. A direção da escola me pediu para aumentar minha carga horária, então depois da Páscoa eu vou começar a ir para Frøya na quarta à noite e trabalhar o dia inteiro tanto na quinta como na sexta. Agora eu trabalho só metade da quinta. Assim sendo, vou pernoitar duas noites, mas o preço do aluguel vai subir de 1200 para somente 2000 coroas. No hotel, um mês inteiro com duas pernoites por semana sairia por 6400 coroas!

Na sexta, às 8 hs da manhã, lá fui eu para a tal reunião em uma sala de conferências do hotel. Encontrei a Inga, que trabalha na prefeitura e eu conhecera quando fui fazer a entrevista na escola. Foi bom tê-la encontrado, assim não fiquei deslocada sem conhecer ninguém. Comecei a reconhecer todos os 'mandachuvas' do município, fui apresentada a alguns até. Sentada lá na mesa comprida cheia de gente importante com cafezinho e tudo, comecei a me dar conta de que na minha época de faxineira em Frøya, eu devo ter limpado a casa de muitas daquelas pessoas que estavam ali. Agora eu estava sendo apresentada a todos como a professora de inglês brasileira. Em apenas 3 anos tudo mudou. Pensei também lá com meus botões que esse tipo de coisa infelizmente só acontece na Noruega, onde existe muita mobilidade social. O novo conselheiro mesmo, ao se apresentar, falou que começou como motorista de caminhão e hoje ele era o braço direito do prefeito. A reunião foi interessante, mas eu não pude ficar até o fim porque tinha aula às 9 hs.

A mesma Inga me pediu para fazer uma tradução de um documento do espanhol para o norueguês. Estou percebendo o quanto é importante ter uma rede de conhecimentos aqui na Noruega, é assim que aparecem as boas oportunidades.

Um comentário:

  1. Raquel,
    Eu admiro muito vc pela sua humildade e por seu espírito de luta!Parabéns...vc é uma brasileira...e não desiste nunca.
    Grande abraço

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